Geografia:
O município está localizado no extremo meridional do Brasil a uma latitude 33º45'08" sul e a uma longitude 53º22'05" oeste, estando a uma altitude de 23 metros. Seu território, uma faixa de terra de quase 150km de extensão, é formado basicamente por planícies e por algumas áreas conhecidas como banhados, leves depressões que alagam durante as temporadas de chuva.
Os Campos Neutrais:
Em 1777, portugueses e espanhóis celebraram o tratado de Santo Ildefonso, onde estes trocavam a Colônia do Sacramento pelas Missões. Entre estes dois territórios ficou uma faixa de terra "sem dono". Essa zona (da Estação Ecológica do Taim ao município do Chuí) é onde, hoje, se encontra Santa Vitória do Palmar, que naquela época foi chamada de Campos Neutrais, fazendo analogia a campos neutros, ou seja, não pertencentes nem a espanhóis e nem a portugueses. Por esse motivo e pela extrema proximidade com o Uruguai concentravam-se muitos criminosos na região, conhecida na época como "terra sem lei". Mais tarde, as terras passaram a ter dono de acordo com o Tratado de Tordesilhas: os portugueses.
No início da década de 50 do século XIX, o presidente da Província do Rio Grande de São Pedro, Marechal Francisco Soares de Andréia, em sua estada no Taim autorizou a criação de uma povoação em torno de uma igreja, a pedido dos moradores da região, cujo nome foi Povoação de Andréia. Em 19 de dezembro de 1855, o Comendador Manoel Corrêa Mirapalhete, amigo do Marechal, fundou a povoação que, 33 anos depois, passou a se chamar Santa Vitória do Palmar em homenagem a Santa Vitória, uma santa italiana a qual a família Andréia era devota. A imagem da santa chegou ao povoado em 1858, vinda da cidade de Ravena, na Itália. Em 1872, a povoação foi elevada à categoria de vila e, mais tarde, em 24 de dezembro de 1888, a vila foi elevada a município.
O termo "Palmar" foi dado em razão da grande quantidade de palmeiras de Butiá existentes na região (provavelmente semeadas por aves migratórias que se abrigavam nos banhados junto à Lagoa Mirim). Ainda se encontram alguns palmares, mas foram, na maioria, devastados pelas plantações de arroz que se intensificaram a partir da década de 1960 com mecanização intensiva.
O Mergulhão:
O gentílico mergulhão vem da semelhança de costume da população vitoriense (principalmente nos tempos antigos) com os de uma ave abundante na planície costeira do Rio Grande do Sul: da mesma maneira que a ave mergulha com seus filhotes ao perceber movimentação estranha, o vitoriense que vivia nas estâncias e fazendas na imensidade dos campos sulinos, ao notar a aproximação de forasteiros ao longe, tentava proteger a família escondendo-a nos matos (em tempos onde era comum o banditismo). Depois de identificada a visita sendo pessoas conhecidas ou de confiança, aos poucos iam aparecendo os moradores, dos mais velhos aos mais novos, começando pelo pai ou pela mãe, certificando-se se era ou não alguma patrulha ou corpo militar que estivesse recrutando soldados à força. Hoje em dia, a maioria dos vitorienses gosta de ser identificada pelo gentílico mergulhão, principalmente quando esses se encontram longe do município, em outras cidades ou estados.
Lagoas:
Santa Vitória do Palmar possui duas grandes lagoas em seu território: a Lagoa Mirim e a Lagoa Mangueira, além de outras lagoas de pequeno porte. Estas duas somadas à Lagoa dos Patos e ao Lago Guaíba compõem o maior complexo lagunar da América Latina.
A Lagoa Mirim é a maior lagoa do estado do Rio Grande do Sul. Anteriormente considerada nesta condição era a Lagoa dos Patos (que hoje sabe-se tratar de uma laguna - a qual se liga à Lagoa Mirim pelo Canal São Gonçalo). Ela faz a divisa entre o extremo sul do Brasil e o leste uruguaio. Um pequeno porto lacustre se encontra às margens da Lagoa Mirim a dez minutos do centro de Santa Vitória do Palmar, tendo acesso pela Av. Getúlio Vargas. Durante os últimos anos, a prefeitura do município investiu em reformas para a revitalização do porto com a finalidade de desenvolvê-lo em relação ao turismo e, também, com a tentativa de integrá-lo como porta de entrada e saída de produtos comercializados pelo Brasil ao Mercosul. À beira da lagoa, o entorno do porto dispõe de quiosques e churrasqueiras, o que oferece à população da cidade uma oportunidade de lazer.
A Mirim é palco de intensa atividade pesqueira e apresenta preciosas paisagens, incluindo o seu pôr-do-sol. A lagoa permite a prática do iatismo esportivo e a pesca, destacando-se a traíra, o pintado e o peixe-rei.
A Lagoa Mangueira se localiza no interior do município, próxima à Estação Ecológica do Taim e ao Oceano Atlântico, separada dele apenas por uma estreita faixa de dunas de areia. Por estarem distantes de áreas de concentração populacional, as águas doces da Lagoa Mangueira estão longe da poluição e a sua coloração impressiona quem a visita. A Mangueira é tida como uma das lagoas mais belas e límpidas do mundo, ideal para o mergulho livre. O seu entorno é cenário de rallies e trilhas feitas por jeepeiros de várias partes do Rio Grande do Sul, do Brasil e até mesmo do Uruguai e da Argentina.
Praias:
A Praia do Hermenegildo é o balneário mais frequentado pelos moradores do município, tendo um movimento intenso de veranistas durante do verão. É conhecido na região sul do estado como um bom lugar para o veraneio. Em 1978 ocorreu o fenômeno ambiental descrito como maré vermelha, que chegou a atingir a Praia do Cassino, no município de Rio Grande, e Punta del Este, no Uruguai. O acontecimento teve grande repercussão na mídia nacional e internacional. Na época, surgiram diversas hipóteses para justificar a mortandade de peixes e outros animais marinhos na região, além de problemas respiratórios em algumas pessoas.
A Praia da Barra do Chuí é a primeira praia brasileira chegando do Uruguai. Faz fronteira com a Barra del Chuy, balneário uruguaio de mesmo nome, separada desta pela foz do Arroio Chuí - de onde origina o nome. Por muito tempo, a Barra do Chuí foi considerada um balneário exclusivo da elite vitoriense. Hoje em dia, seus veranistas são, em maior parte, turistas uruguaios e argentinos. Isso se deve à sua proximidade com a zona de comércio internacional do Chuy, formada por seus free shops.
Clima:
O clima do município é subtropical ou temperado, com verões moderados e invernos frescos. O mês mais quente é janeiro, com temperatura média de 22°C, enquanto o mês mais frio é julho, com média de 11°C. A temperatura média anual é de 16,5°C e a precipitação média anual é de 1.196mm. Regularmente, as chuvas são distribuídas durante todo o ano - com mais frequência durante o inverno. Ultimamente, o clima vitoriense vendo sofrendo algumas alterações. Seus invernos cada vez mais frios, com a temperatura chegando até a -1°C, e seus verões mais quentes atingindo a casa dos 35°C.
As atividades econômicas mais importantes no município são a pecuária bovina de corte, a pecuária ovina de lã e o plantio de arroz, maior responsável pelo desenvolvimento e arrecadação do município. Santa Vitória do Palmar é uma das cinco principais cidades produtoras de arroz do Rio Grande do Sul. Em 2004 chegou a ficar na 2ª posição segundo o IBGE, atrás apenas de Uruguaiana. Ressalve-se que, devido às condições sanitárias e ambientais especiais, não há a incidência do ectoparasita carrapato no gado bovino, garantindo a integridade do couro do animal. Em setembro de 2010 foi colocada em pauta pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental em Porto Alegre a possibilidade de Santa Vitória do Palmar abrigar um parque eólico para a geração de energia renovável. Vários empreendedores desse ramo se mostraram interessados em aplicar essa atividade, visto que a geografia do município e a incidência em potencial de ventos são totalmente favoráveis.
Economia:
De acordo com a atualização feita pela Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul em dezembro de 2010, Santa Vitória do Palmar se destacou entre os 100 maiores municípios gaúchos com expressivo crescimento no PIB em 2008 (34,5%) - 1º lugar entre os da região sul do estado, passando da 95ª posição para a 80ª posição no ranking em relação ao ano anterior. Esse desempenho teve como principal motivo o alto crescimento (77,3%) ocorrido no setor agropecuário.
Em agosto de 2011, a empresa Eletrosul conquistou em um leilão da ANEEL o direito de construir em Santa Vitória do Palmar e no Chuí 16 empreendimentos eólicos com um investimento de mais de R$1 bilhão. Em Santa Vitória do Palmar, o parque eólico a ser construído será 2,5 vezes maior que o parque de Osório e 4 vezes maior que a usina que será construída em Santana do Livramento. De acordo com o atual prefeito, Eduardo Morrone, o investimento "vai mudar de forma acelerada os rumos de desenvolvimento do município". Com a capacidade de gerar 258MW de energia (e ainda de ampliar sua produção para até 600MW), o parque eólico será instalado em 4,5 mil hectares localizados às margens da BR-471, diante da entrada de Santa Vitória do Palmar. Ali, a proximidade com a lagoa Mangueira garante ventos com velocidade média anual de 8m/s.
"O Verace será um dos parques eólicos mais competitivos do mundo e a partir de sua expansão poderá ser o maior do planeta.", garante o presidente da Pampa Eólica, Christian Hunt.
Espera-se que os parques Verace, Minuano e Chuí (este dois últimos no Chuí) estejam em pleno funcionamento até o ano de 2014 gerando um total de 902MW de energia.
Fontes:
Wikipedia - www.agricultura.rs.gov.br - ww.santavitoria.rs.gov.br